A Audi começou a mostrar potencial para entrar no segmento de dreamcars com o conceito Avus Quattro em 1991 e provou que poderia ser um player forte com o conceito Le Mans Quattro de 2003, que resultou no R8 apresentado em versão de produção três anos depois. Obra do italiano Walter de Silva, o mesmo autor do Alfa Romeo 156 original, o R8 colocou a Audi para concorrer diretamente com Porsche e Ferrari, algo impensável para quem acreditava que Ingolstadt mal conseguia competir com BMW.
É provável que o interesse dos alemães por um esportivo de motor central tenha surgido depois da aquisição da Lamborghini em 1998 e do desenvolvimento do bem-sucedido Gallardo, lançado exatamente em 2003 com o mesmo V10 aproveitado pelo Le Mans Quattro. O sucesso do TT também deve ter créditos, mas há um fator a ser considerado: para entrar de vez da trinca de luxo alemã a Audi precisava seguir um caminho diferente, algo que Mercedes e BMW nunca fizeram: um esportivo de motor central e grande produção.

Le Mans Quattro
É verdade que a Audi fez um bom trabalho para entrar no seleto grupo de marcas de prestígio, tendo sua imagem melhorado subitamente no lançamento do Quattro, com reforços importantes feitos pela perua RS2 by Porsche, pelo A8 de alumínio e também pelo TT, na época um esportivo diferenciado. Mesmo à sombra da Volkswagen conseguiu construir uma marca respeitável de espírito jovem que alia esportividade a alta tecnologia. Enquanto a BMW tentava sair da repetitividade e a Mercedes estava presa a tradições a Audi simplesmente se reinventou.
Logo de cara o R8 garantiu seu lugar, não apenas porque Will Smith dirigiu o RSQ em I, Robot ou Tony Stark teve vários, muito menos porque jogadores de futebol foram impelidos a terem um por força de contrato, mas porque é um carro que exala esportividade tecnológica. Diferente de um Tesla Model S, o R8 é um esportivo do novo século que não larga as raízes dos bons esportivos europeus. Navegação por GPS, faróis de xênon ou laser, lanternas de LED, injeção direta de combustível e câmbio de dupla embreagem são acompanhados de motores aspirados que roncam bonito. A versão com câmbio manual tem uma tentadora grelha de metal, como nas Ferraris clássicas.
Há ainda uma outra razão para o sucesso, o preço. O Audi R8 era (e continuou sendo na geração posterior) uma barganha quando comparado a Lamborghini Gallardo e Ferrari 458. Por um preço três vezes menor o comprador levava toda a qualidade que se espera de um supercarro alemão, com desempenho garantido pelo motor V10. Era um concorrente mais barato do Porsche 911 Turbo que podia ser comparado em alguns aspectos a esportivos bem mais caros.
Uma nova era para a Audi
A grade dianteira em trapézio invertido que descia até o para-choque e foi moda entre os fãs de Velozes e Furiosos acabou se tornando um traço de personalidade da Audi, a única o trio de ferro alemão a não ter feições próprias até então. Abaixo dos faróis também haviam imensas tomadas de ar, que como a central serviam para arrefecer os três radiadores dianteiros. O imenso capô dianteiro fazia as vezes de para-lamas e pela primeira vez acomodava as quatro argolas de Ingolstadt.
Na lateral se destacava a imensa guelra pintada em cor contrastante. São responsáveis por captar oxigênio para o motor, ao contrário de outros esportivos que usam a tomada lateral para arrefecimento. Sobre a guelra direita estava a tampa do bocal de abastecimento feita em aço escovado e no canto lateral do capô um discreto V10 denunciava o que havia sobre o capô traseiro da versão mais potente. Na verdade, para ver o motor bastava observar pela chapa transparente — o 4.2 V8 aspirado era igualmente lindo. Numa vista superior percebe-se os dutos que ladeiam o vigia traseiro, servem para dissipar um pouco do calor do cofre.
A traseira repetia o tema da dianteira, com grades abaixo das lanternas para expulsar ar quente do cofre. O aerofólio do tipo retrátil foi escolhido para não abalar o impecável desenho e nem prejudicar a fluidez do ar quando necessário. Lanternas com dois elementos vermelhos cada tinham luzes de ré nas extremidades e piscas quase imperceptíveis — numa vista central da traseira se destacam as luzes de freio e de neblina.
O mais incrível do R8 é que ele consegue se diferenciar de toda a linha Audi e continua sendo um legítimo Audi. Como acontece com poucas obras de design, o Audi R8 de primeira geração não parece ter sido desenhado há mais de uma década e continua muito atraente.
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