A Toyota promove o Prius no Brasil intentando a dianteira do segmento de carros “ecológicos” quando o país preparar legislação que beneficie a venda e o uso desse tipo de veículo, como acontece em países de vanguarda. Esse movimento é crucial para fortalecer a imagem ambientalista da marca antes que desembarquem por aqui Chevrolet Volt, Hyundai Ioniq, Honda Clarity e Nissan Leaf, seus maiores concorrentes nos Estados Unidos.
Esse é o Prius de quarta geração, a primeira foi lançada em 1997 e desde então tem feito bastante sucesso nos Estados Unidos e no Japão, onde é o carro mais vendido. Em outros mercados tem outras carrocerias além dessa de cinco portas — Prius C, Prus V e Prius Prime. Hoje a tecnologia “de outro mundo” causa certa rejeição, mas em poucos anos deve conquistar pessoas preocupadas com o ambiente e principalmente as que apreciam menor custo de rodagem. Fato interessante é que o Prius vai de Fortaleza a Recife tranquilamente, sem precisar parar para reabastecer o tanque ou recarregar as baterias — e a um custo bem menor.

As quatro gerações do Prius, sendo que apenas a última passou a ser vendida oficialmente no Brasil.
Com preço inicial de R$ 127 mil, o é o híbrido mais barato da Toyota no Brasil, que vende ainda por meio de sua divisão de luxo Lexus o CT 200h de R$ 136 mil a R$ 153 mil. Trata-se de um hatch com o mesmo conjunto híbrido, design mais convencional e melhor acabamento interno, digno de uma marca concebida para concorrer com a Mercedes. Em breve a Lexus deve trazer sedãs e SUVs híbridos, além do cupê da foto abaixo.
Ao volante do Toyota Prius
Dirigi um exemplar por Sobral durante uma hora e notei que o Prius funciona quase como um Corolla no sentido de dispensar adaptação no modo de dirigir e ser bem confortável. O aspecto futurista da carroceria é reprisado internamente, com painel diferenciado e diminuta alavanca de câmbio com pomo azul — destoante é o relógio digital estilo Del Rey Ghia no centro do quadro de instrumentos. O acionamento do botão de partida não é procedido de sinal sonoro, é preciso ver no painel que o Prius está pronto para sair.
O freio de estacionamento por pedal é outro elemento anacrônico, mas heranças do passado param por aí, no quatro de instrumentos em LCD um esquema gráfico mostra como o sistema híbrido está operando em tempo real e o HUD mostra o velocímetro no para-brisa. O motor 1.8 a gasolina de apenas 98 cv e 14,2 m.kgf é complementado por um elétrico de 72 cv e 16,6 m.kgf, ambos ficam lado a lado no cofre dianteiro e podem trabalhar individualmente ou em sinergia. Para complementar o conjunto estão o câmbio CVT, jogo de baterias (que ficam sob o assento traseiro) e tanque de gasolina de 43 litros.
Enquanto impulsionado apenas pelo motor a gasolina as reações aos comandos do acelerador são um pouco lentas, assemelham-se às de um mediano carro 1.6 com câmbio CVT. Quando a bateria está plenamente carregada o motor elétrico passa a ajudar como uma “turbina”, atuando sempre que o acelerador é usado com mais intensidade. Em ultrapassagens e com os dois motores operando o Prius parece um bom 2.0, acelera com vigor e curioso silêncio.
É possível ainda rodar apenas com o motor elétrico, com prejuízo no desempenho e vantagens no custo de rodagem e emissão de poluentes, que deixa de existir. Como não é um carro plugável na tomada, para funcionar no “modo 100% limpo” o Prius depende do motor a combustão como gerador de energia. Em desacelerações e frenagens esse motor elétrico torna-se um gerador de energia que aproveita a energia cinética (energia do movimento) que é completamente desperdiçada em carros normais. Quando isso acontece o painel mostra fluxo de energia indo à bateria.
Ao avistar um semáforo amarelo ou vermelho basta tirar o pé do acelerador para iniciar o carregamento da bateria. Em uma cidade de relevo irregular como Belo Horizonte o consumo maior de gasolina/energia nas subidas é compensado nas descidas, quando o motor a gasolina é desconectado e o elétrico funciona como gerador. O conjunto funciona em perfeita sinergia, a alternância entre os motores é imperceptível no uso urbano.
Para um carro de seu preço parece um pouco simples, falta amenidades como ajustes elétricos no banco do motorista (disponível no Corolla Altis) e freio de estacionamento por botão. Como em bons carros de luxo há ar-condicionado automático de duas zonas, sistema de som JBL, sete airbags e revestimento interno em couro. O preço elevado é justificado pela produção japonesa e pelo sistema de propulsão diferenciado — a opção similar mais próxima custa R$ 161 mil (Ford Fusion Hybrid).
Toyota Prius, um carro de família e bom de viagem
Devido ao porte, à potência e capacidade do porta-malas, é de fato um carro familiar de uso urbano e rodoviário. Sua autonomia máxima com bateria e tanque cheios passa dos 812 quilômetros, bem mais que um Volkswagen Virtus TSI, por exemplo. Fato curioso é que o consumo rodoviário é pior que o urbano, 18,9 km/L na cidade e 17 km/L na estrada. Essa inversão de dados é explicada pela maior necessidade de potência que induz o uso constante do 1.8 e pelo menor uso do sistema de regeneração de energia.
Difícil saber como ele se comporta ao rodar sobre estradas ruins, como peso das baterias e dos componentes eletrônicos sacrificando o sistema de suspensão. Parece que enchentes não constituem um problema tão sério. O assoalho é baixo (13 cm do solo) e o balanço dianteiro comprido faz com que o para-choque raspe com facilidade, nesses pontos o Corolla é mais adequado às nossas ruas. Tanta tecnologia induz as pessoas a imaginarem elevados custos de manutenção, então para contornar esse tipo de pensamento a Toyota faz questão de salienta que os preços das revisões do Prius são iguais ou menores que a do Corolla. Ela não divulga, porém, o custo de reposição das baterias, que têm vida útil média de 10 anos.
O seguro é barato, em torno de R$ 4 mil para Fortaleza e o Ciclo Toyota está disponível também para o Prius.
Mudanças para a próxima geração / Corolla Híbrido
A Toyota tem o carro híbrido mais bonito do mundo, e não é o Prius — é o Lexus LC 500h da foto abaixo. Os faróis e lanternas em formato diferente e a própria silhueta da comprida carroceria fazem com que o motorista do Prius sinta-se em um disco voador. Em breve consulta a pessoas próximas, as reações das pessoas é de rejeição.

Lexus LC 500h, o mais belo híbrido da Toyota
Banco do motorista com ajustes elétricos e memória, freio de estacionamento por botão e revestimento interno em cor clara são mudanças simples que fazem diferença e devem ser feitas na próxima geração. Os dois primeiros têm vantagens óbvias, o último é interessante por reduzir a temperatura da cabine e evitar sobrecarga no sistema de ar-condicionado.
Nos próximos anos o híbrido mais importante da Toyota no Brasil deve ser a nova geração do Corolla, cuja versão hatch já foi apresentada na Europa. A empresa japonesa está com o objetivo de completar a venda de 7 milhões de híbridos até 2020.

A nova geração do Corolla está pronta para usar sistema híbrido
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